No cenário global da pandemia de COVID-19, diversas iniciativas têm surgido para conter a propagação do vírus. Uma abordagem notável é o uso da luz ultravioleta (UV) para descontaminação de ambientes e objetos. Desde supermercados em Osasco, SP, até pesquisas realizadas por instituições renomadas, a luz UV tem sido explorada como uma possível arma contra o coronavírus. Neste artigo, exploraremos como a luz UV age, seus benefícios, riscos e as aplicações práticas em meio a essa pandemia.
A luz ultravioleta (UV) tem sido explorada como uma ferramenta no combate ao coronavírus, e diferentes aplicações têm sido desenvolvidas para descontaminação. Uma dessas aplicações foi observada em um supermercado em Osasco (SP), onde foi instalada uma câmara de luz UV chamada XGerminator para descontaminar as compras dos clientes. Esta câmara expõe os produtos à luz ultravioleta, alegadamente capaz de eliminar até 99% dos micro-organismos em cerca de 30 segundos.
Pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos, vinculado à Universidade de São Paulo (USP), desenvolveram rodos equipados com emissão de luz ultravioleta para descontaminação do piso, fornecendo uma abordagem para manter ambientes mais seguros.
Além disso, cientistas norte-americanos e japoneses estão investigando formas de tornar fontes de luz ultravioleta mais acessíveis e portáteis, visando facilitar o uso generalizado na descontaminação de locais de grande circulação, como teatros, arenas esportivas e transporte público.
No entanto, é importante avaliar se a luz ultravioleta é a "bala de prata" esperada contra a pandemia de COVID-19 e compreender como ela elimina o vírus.
O Que é Luz UV?
Antes de mergulharmos nas aplicações contra o COVID-19, é crucial entender o que é a luz ultravioleta. Esta forma de radiação eletromagnética possui comprimentos de onda menores do que a luz visível, sendo classificada em UV-A, UV-B e UV-C. A luz UV-C, com comprimentos de onda entre 280 nm e 100 nm, é especialmente interessante por sua capacidade germicida, sendo capaz de danificar o material genético de microrganismos.
A radiação UV é ionizante e tem potencial para causar danos aos seres vivos. No entanto, o risco depende de fatores como a faixa energética (UV-A e UV-B, que são conhecidas pelas queimaduras de sol, por exemplo, ou a faixa de luz UV-C), intensidade e tempo de exposição. A UV-C é conhecida como "ultravioleta germicida" devido à sua eficiência em desativar vírus, bactérias e outros microrganismos.
A luz ultravioleta, especialmente na faixa UV-C, pode inativar o coronavírus, causando danos ao seu material genético. Estudos mostram que a luz UV-C é eficaz na inativação do SARS-CoV-2 em superfícies.
Limitações e cuidados
Embora a luz UV tenha aplicações promissoras, existem limitações. A exposição à luz UV pode ser perigosa para os seres humanos, causando danos à pele e aos olhos. Além disso, o sucesso da desinfecção depende da intensidade, comprimento de onda e tempo de exposição.
A luz UV não é uma solução única e universal. Ela só atua nos locais que alcança, e nem todas as fontes de luz UV geram o efeito germicida. A luz solar contém UV, mas a atmosfera atenua significativamente a UVC na Terra. Portanto, embora a exposição solar tenha benefícios, confiar nela para descontaminação contra o coronavírus pode não ser suficiente.
Empresas como a Riole, oferecem produtos com tecnologia ultravioleta, incluindo capachos sanitizantes e purificadores de ar. Testes realizados pela CQLabor e pela Unicamp mostraram eficácia na inativação do novo coronavírus.
Potencial da luz ultravioleta C (UVC)
Estudos recentes exploram a luz UVC de comprimento de onda entre 200 e 230 nm, conhecida como far-UVC. Acredita-se que essa faixa seja segura para os humanos e eficaz na inativação do SARS-CoV-2. Testes estão em andamento para avaliar a efetividade da far-UVC na redução da transmissão da COVID-19 em ambientes fechados, como casas de repouso.
A luz ultravioleta, especialmente na faixa UV-C, apresenta potencial no combate ao coronavírus, mas seu uso requer cuidados e avaliação criteriosa. É uma ferramenta complementar às medidas conhecidas de prevenção, como vacinação, ventilação, uso de máscaras e distanciamento social.
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